segunda-feira, 27 de dezembro de 2010


Mirador


A este teu olhar acuso

que descortinou, indiscreto

Meus desejos ocultos,

Meus anseios secretos...

E me fez entender

Que uma vez presa, era livre

Se me entregasse ao convite

Irresistível do saber

Agora o que será de mim?

Isto não terá fim?

Me fizeste como tu,

Ó professor impiedoso,

Devota do conhecível

Ansiosa pelo intangível

Caçadora deste tesouro

Contido em teorias

de Keinert , Subirats, Saravia...


Bem estava eu lá ignorante

-Eu conhecia a felicidade-

Sossegada num mundo constante

(que o diga René Descartes!)

Mas quando chegaste um dia

Apresentando-me à universidade

Nunca mais eu senti quietude de verdade.

Quem eras tu, um personagem?

Mas como questionar?

Era tarde demais para tentar

Soltar-me da armadilha

Pela voz eloquente fui atraida

E sedenta, sorvi as palavras

Que brotavam do teu falar

Foste tu, indomado mirador

Que me mostraste o mundo por teus vitrais

E provocaste ao mesmo tempo êxtase e dor

Revelando-me as agruras reais

Um certo professor...

Completamente culpado

Por eu ter me apaixonado

Pela deliciosa sensação do saber...

E eu, insaciável, sei tão pouco...

E que grande pretensão querer

Dissociar busca e prazer...


A um certo professor

Indomado mirador

Não poderei esquecer jamais...

Obrigada pela autenticidade

Pelas não meias- verdades

E por ter, através de teus olhos, me roubado a paz!


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